sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O MAL QUE NOS REDUZ A NÃO EXISTÊNCIA

Nada neste mundo talvez seja mais cruel do que a indiferença. Um mal incutido no ego de muitos homens, que movidos pela necessidade de aceitação, e mais ainda de auto-satisfação, atropelam sem pestanejar o mais simples dos mortais.

É a impassibilidade latente; a apatia calculista; a inércia gritante promovendo a desumanidade. Como resultado: famílias são solapadas, casamentos destruídos, filhos ignorados. A moralidade é negociada e o absoluto é relativizado. O abraço caloroso é substituído pelo “virar as costas” e o bom senso, ferramenta indispensável nas relações humanas, torna-se completamente dispensável.

Muitas vezes ela se manifesta sutil, sorrateiramente e silenciosa. Outras tantas, declarada abertamente como uma carta de afronta. O mundo precisa acordar!

Elie Weisel, conhecedor deste mal, já disse: “A indiferença reduz o outro a uma não existência”. Esta é a mais pura verdade, nua e crua! Espelho de nossos dias. Mal do nosso século.

Outro dia li um texto que exemplifica isto. Na lauda contava a história de um homem que foi assaltado e espancado por alguns malfeitores. A brutalidade foi tão grande que o mesmo foi deixado semimorto pelo caminho. Horas depois passou um individuo que de longe olhou e de longe ficou, passando de largo sem se comprometer com a situação diante dos seus olhos. Mais tarde, outro cidadão passou pelo mesmo caminho e assumiu a mesma postura. Desviou-se do que viu na maior cara de pau e continuou sua jornada, sem ao menos olhar para trás. Mais tarde ainda, um terceiro passou. Era alguém de outra cidade cujo povo conflitava com os daquele homem semimorto. Contudo, foi o único que se propôs a estender as mãos. O homem improvável esqueceu suas diferenças, e fez o que se espera de alguém que tem o mínimo de dignidade: Demonstrou amor.

Primeiro ele se compadeceu. Mas não ficou somente nisto - o que muitos, infelizmente fazem. Ele parou sua jornada, em prol de alguém. Arregaçou as mangas e prestou os primeiros socorros. Cuidou das feridas do outro, como se fossem suas. Animosamente levou-o a uma hospedaria mais próxima a fim de tratá-lo melhor. E, como se não bastasse, no dia seguinte ainda arrancou alguns reais do bolso e deu ao gerente local sob a seguinte orientação: “Cuida dele, e se ele precisar de mais dinheiro coloca na minha conta”.

Ao ler este texto percebi como ele se encaixa perfeitamente em nossos dias. São tantos que passam de largo sem se importar com a vida. Sem dá valor ao seu próximo. Sem demonstrar um mínimo de generosidade, muito menos disposição para abrir a carteira. Eles preferem o silêncio cúmplice e o descompromisso com a vida, mesmo que isso deforme e cauterize a consciência.

Por outro lado, entretanto, percebemos a existência daqueles que fazem toda a diferença na vida de alguém. O que eles representam, a classe dos indiferentes rasteja aos pés. São pessoas das quais o mundo não é digno, contudo necessita.

Aprendo aqui que a indiferença pode ser inimiga mortal da misericórdia, porém, ela é infinitamente mais fraca quando demonstramos compaixão. Isto mesmo! Afinal, não podemos esquecer que é preciso amar a Deus acima de todas as coisas e ao nosso próximo como a nós mesmos.

Desta forma, portanto, ao invés de sermos contaminados com indiferença, ousemos aprender com parábola do bom samaritano, citada por Jesus no evangelho de Lucas 10.34-37. Ela foi o texto que me referi acima, e por ser tão maravilhoso não poderia deixar de compartilhar com você.

Que Deus te abençoe!

H. S. Lima

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